Deusa da espada de fogo, Dona das paixões, Iansã é a Rainha dos raios, dos
ciclones, furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo, guerreira e poderosa. Mãe
dos eguns, guia dos espíritos desencarnados, Senhora dos cemitérios.
Não é muito difícil depararmo-nos com a força da Natureza denominada Iansã (ou
Oyá). Convivemos com ela, diariamente.
Iansã é o vento, a brisa que alivia o calor. Iansã é também o calor, a quentura,
o abafamento. É o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos. É a lava
vulcânica destruidora. Ela é o fogo, o incêndio, a devastação pelas chamas.
Oyá é o raio, a beleza deste fenômeno natural. É o seu poder. É a eletricidade.
Iansã está presente no ato simples de acendermos uma lâmpada ou uma vela. Ela é
o choque elétrico, a energia que gera o funcionamento de rádios, televisões,
máquinas e outros aparelhos. Iansã é a energia viva, pulsante, vibrante.
Sentimos Iansã nos ventos fortes, nos deslocamentos dos objetos sem vida. Orixá
da provocação e do ciúme.
Iansã também é a paixão. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de
loucura, que cria desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax, o
orgasmo do homem e da mulher. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte
que a razão. A frase “estou apaixonado” tem a presença e a regência de Iansã,
que é o Orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas
mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o
ciúmes doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão,
propriamente dita.
Iansã é a disputa pelo ser amado. É a falta de medo das conseqüências de um ato
impensado, no campo amoroso. É até mesmo a vontade de trair, de amar livremente.
Iansã rege o amor forte, violento.
Oyá é também a senhora dos espíritos dos mortos, dos eguns, como se diz no
Candomblé. É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaê, para aquele espírito
que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por
aquela alma.
Iansã é a deusa dos cemitérios. Ela é a regente, juntamente com Omulu (ou
Obaluaê), dos Campos Santos, pois comanda a falange dos eguns. Comanda também a
falange dos Boiadeiros, encantados que são cultuados nas casas de Nação de
Angola. Ela é sua rainha.
Como deus dos mortos, Iansã carrega consigo o eruxin, feito com rabo de cavalo,
para impor respeito aos eguns, bem como a espada flamejante, que faz dela a
guerreira do fogo.
Cozinha ritualística
Ipetê
Ipetê
Cozinhe inhames descascados em água pura sem sal. Frite, a seguir, os inhames cozidos e cortados em rodelas no azeite de dendê e separe. No próprio azeite que usou para a fritura, coloque o camarão seco descascado e picado e salsa, de modo a fazer um "molho". Coloque os inhames fritos num prato e regue-os com esse "molho".
Acarajé
Na véspera, ponha o feijão fradinho de molho. No dia seguinte, ele estará bem inchado. Descasque o feijão - grão por grão - retirando o olho preto, e passe na chapa mais fina da máquina de moer carne. Bata bastante para que a massa fique leve, isto é, até arrebentarem bolhas. Tempere com sal e a cebola ralada. Ponha uma frigideira no fogo com azeite de dendê e aí frite os acarajés às colheradas (com uma colher das de sopa), formando, assim, os bolinhos. Depois de fritos, reserve-os e prepare o molho: soque juntos a cebola, os camarões secos, as pimentas e o dente de alho. Depois de tudo bem socado e triturado, refogue em uma xícara de azeite de dendê. Sirva os acarajés abertos com o molho, tudo bem quente.
Bobó de inhame
Cozinhe os inhames com a casca e deixe-os escorrer para que fiquem bem enxutos. Amasse-os. Ponha o azeite de dendê numa panela, junte os camarões secos, a cebola, o alho, o gengibre, a pimenta e uma colherinha de sal. Refogue bem. Acrescente os camarões frescos, inteiros, e refogue mais um pouco. Junte o inhame amassado como um purê pouco a pouco, às colheradas, mexendo sempre. Cozinhe até endurecer.
Lendas De Iansã
Iansã Passa a Dominar o Fogo
Xangô enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder.
Como os chifres de búfalo vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oià-Iansã
Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos, era Iansã. Ela escondeu a pele num formigueiro e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o no fundo de um depósito de milho, ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-la em casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitando, quando de volta a floresta, não mais achou a sua pele. Oiá recomendou ao caçador a não contar a ninguém que, na realidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da aparição da nova a mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: 'Máa je, máa mu, àwo re nbe nínú àká', 'Você pode beber e comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no depósito (você é um animal)'.
Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e, voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: 'Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro.' É por essa razão que chifres de búfalo são sempre colocados nos locais consagrados a Iansã.
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